Não temos como ignorar essa praga que se alastra na sociedade e que, desde a antiguidade, nos dez mandamentos, já era condenada por Deus. O adultério é a maneira mais vil de se autodestruir. O cônjuge que o pratica está caminhando para a morte. Não me aterei aos resultados na vida de quem adultera, pois há capítulos inteiros do livro de provérbios que falam sobre as conseqüências dessa loucura, com riqueza de detalhes. Há textos bíblicos, inclusive, que deixam do lado de fora do céu os adúlteros, assim como outras categorias de pessoas com práticas abomináveis, independente da religião que escolheram seguir em vida. Pena que em algumas igrejas seja cômodo ignorar esses textos tão verdadeiros quanto quaisquer outros das escrituras, muitas vezes por conveniência ou por não se ter mais domínio do número de adúlteros nos arraiais cristãos, inclusive entre líderes e pastores.
O fato de se ignorar uma verdade, não significa que ela deixará de existir. Portanto, em contexto nenhum há justificativas para tal prática que é uma quebra de aliança, não só diante de Deus, mas dos homens e da própria descendência. Além disso, gera feridas profundas no cônjuge traído e nos filhos, com as quais terão que conviver pra sempre.
Sei que existem correntes teológicas que entendem o adultério como uma “brecha” para que o cônjuge traído possa sair da relação e constituir novas núpcias com as bênçãos de Deus e creio que Isso pode acontecer, sim, pois o Senhor reconstrói sonhos, mas sempre dentro dos princípios que Ele mesmo estabeleceu.
Falemos, especificamente, de um casamento feito dentro dos princípios da Palavra de Deus, com ambos os cônjuges cientes do poder da aliança e das implicações de um divórcio. Em momento oportuno podemos discorrer sobre casos a parte. Também posso parecer simplista em não falar sobre os motivos pelos quais o adultério começou, mas não os ignoro. Apenas entendo que há responsabilidades que contexto nenhum irá nos tirar e é sobre elas que me atenho, pois assim Deus nos cobrará, sem justificativas, mesmo que existam algumas explicações e muitos meios de prevenir essa desgraça no lar. Mas considero que o maior deles é a decisão consciente em ser fiel à aliança e ao cônjuge, em toda e qualquer circunstância. Considero que o cônjuge que decide por adulterar está retirando toda a cobertura espiritual de sua casa, está expondo o parceiro de sua aliança também ao pecado de adultério. Está mostrando aos seus filhos, à geração seguinte, que não existe amor, deixando um legado de maldição não só para ele, mas para sua descendência. Davi pagou um preço muito alto por esse pecado, que envolveu desde estupro, incesto, homicídio e até rebelião em sua própria casa, entre seus filhos.
Vejamos algumas situações que acontecem com casais e que vale a pena observar:
1) O adultério aceito pelo outro – Há casais que vivem juntos por conveniência, por religiosidade, por qualquer outro motivo, menos pelo amor e pela lealdade à aliança entre ambos e diante de Deus. Neste caso, o cônjuge que se torna passivo diante de uma traição que ele sabe que existe, está apenas se auto-enganando. Talvez tenha problemas sérios de autoestima e co-dependência emocional , bem como seja influenciado pela sua cultura, pela forma em que foi criado. Acontece muito com mulheres que aceitam essa situação com seus maridos adúlteros, porque acreditam que isso é normal, que todo homem é assim mesmo. Muitas delas, viram isso acontecer na vida de suas mães que também aguentaram caladas essa humilhação, mas mantiveram o relacionamento até a morte. Esse tipo de união não é saudável, pelo contrário, há uma infiltração demoníaca no lar através do envolvimento de um dos cônjuges com uma terceira pessoa ou com várias, atraindo doenças físicas e emocionais para toda a família.
2) O adultério sem o conhecimento do outro – Há cônjuges que usam máscaras a vida inteira e acreditam mesmo que não serão descobertos. Eles colocam seu parceiro numa zona de risco em sua integridade física, moral, emocional e espiritual. São verdadeiros lobos em pele de ovelhas. São falhas de caráter sérias que tornam qualquer relacionamento inseguro e com hora e data para acabar. Interessante perceber que sempre há uma terceira pessoa que é alvo da prática de adultério, usada pelo inimigo, mas com falhas de caráter igualmente profundas, e são conhecidas pela Palavra de Deus como pessoas levianas que levam seus seguidores à morte.
3) O adultério como um deslize – Todos nós estamos sujeitos a erros. É possível que pessoas de boa índole tropecem nesta armadilha também. Mas neste caso, após um certo tempo, elas reconhecem seu estado de miséria diante de Deus, da família e da sociedade e, como o filho pródigo, voltam ao seu lar, arrependidas e regeneradas, utilizando-se de uma experiência negativa para também voltarem-se para Deus, e aprenderem a depender Dele integralmente e não cometerem tal delito novamente. São experiências traumáticas que acabam sendo didáticas e, no futuro, servem de testemunho para muitos sobre o poder de Deus em restaurar alianças.
4) O adultério e o abandono do lar – Há aqueles que não só erram, mas fazem questão de permanecerem no erro e até legalizá-lo, pedindo o divórcio e realizando um novo casamento como se isso fosse algo possível diante de Deus. As estatísticas dizem que há maior chance de um casamento dar certo quando é o primeiro. Essas chances diminuem no segundo, no terceiro, especialmente quando o casamento é iniciado através de um adultério. Mas muitos insistem em suas próprias teorias e justificativas que nada mais são do que a carne aflorando, seu hedonismo descarado e a falta de Deus e do Seu Espírito na vida. Para estes, herda-se o que Salomão bem escreveu, até por entender do assunto: morte, falência financeira e toda sorte de males.
Como se comportar diante de uma traição? Deus só nos dá uma alternativa: perdoar. Porém, conviver com o cônjuge adúltero é outra história. O perdão é imperativo. Não depende se o cônjuge está arrependido ou não. A reconciliação depende do comportamento do ofensor. É por isso que a Bíblia fala do divórcio como uma exceção quando há adultério, mas por causa da dureza do coração do homem, seja do que insiste em permanecer no pecado, seja em quem insiste em não perdoar. Deus sempre recomenda o cônjuge que se separou a voltar para o seu lar. Esta é e sempre será a vontade soberana de Deus, até porque Ele está disponível para quebrantar o coração de ambos não importa a gravidade da ofensa. O problema está no homem e seu livre arbítrio e não na capacidade de Deus em restaurar todas as coisas. Tenho visto testemunhos de vários casais que retomaram o seu matrimônio após 5, 10, 17 anos de separação. Isso só é possível quando ambos decidem dar lugar ao Deus da aliança. Caso contrário, a possibilidade sempre será latente, mas não se tornará real. Nestes casos, o cônjuge traído, usou a sua liberdade após o divórcio para perdoar o seu cônjuge e aguardar com paciência e dependência de Deus o agir sobrenatural Dele em favor de seu lar. Outras optam por usar essa mesma liberdade para perdoar e seguir em frente, refazendo suas vidas, buscando realizar-se em outras coisas ou mesmo dando-se uma oportunidade de terem um novo parceiro dentro dos planos de Deus, com quem procuram viver numa aliança indissolúvel.
O mais perigoso de todos, são aqueles cônjuges que não conseguem processar a experiência traumática da traição conjugal em que foram vítimas e não liberam perdão, tornando-se pessoais amargas, doentes físicas e emocionais, criando, muitas vezes, um relacionamento de co-dependência com os filhos e sendo pessoas disfuncionais e infrutíferas em todos os seus relacionamentos.
O divórcio é pior do que a separação por morte. Já dizia um conferencista: “Divórcio é a apostasia do amor”. Não há dor maior do que a dor de uma separação conjugal, pois é descolar quem um dia foi uma só carne, com todas as implicações disso. São estresses, desgastes e sentimentos terríveis, inimagináveis, insuportáveis. Na morte, fica a saudade e as lembranças dos bons momentos. No divórcio, na quebra de aliança, os capítulos de terror vividos no processo de separação, suplantam e acabam apagando as boas lembranças das conquistas vividas a dois. Não é à toa que Deus odeia o divórcio. Não existem justificativas para quem serve a Deus acreditar no divórcio como a solução para uma família. É importante perceber que o mesmo Deus que odeia o divórcio, também odeia a violência. Logo, Ele não pede a ninguém que mantenha seu casamento às custas de abusos e violência. Por isso, é fundamental conhecer profundamente a Bíblia e o coração de Deus a nosso respeito. Em se tratando de dois seres normais, principalmente que são novas criaturas em Cristo, todo e qualquer problema conjugal é totalmente reversível, pois há chances reais de arrependimento e de perdão, seguidas de uma mudança de atitude. O Pr. Silas Quirino tem uma teoria de que quando há divórcio no meio da Igreja é porque pelo menos um dos cônjuges não é verdadeiramente convertido. Não se trata de um casal cristão verdadeiramente. Pois se assim fossem, teriam encontrado a maneira de Deus para solucionar seus problemas e não veriam o divórcio como primeira opção. E eu concordo com ele. Numa aliança entre duas pessoas convertidas genuinamente, até o indesejado adultério pode ser transformado num instrumento para concertar o que estava errado na relação e trazer um tempo ainda mais edificante para ambos e onde ambos podem testemunhar para o mundo que, com Deus, todos os problemas conjugais podem ser superados e vencidos, inclusive a visitação indesejada do maldito adultério. Mas essa é uma conquista que só é possível com o consentimento, desejo e esforço do casal. Sobreviver ao adultério não é uma tarefa que se faz sozinho. Casamento é um projeto que só tem êxito com o único triângulo amoroso permitido: O homem, a mulher e Deus no centro do coração de ambos.
Adriana Garcia
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